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Grupo Marcos


O nome Marcos – o nome-símbolo do grupo é uma homenagem a uma encarnação de Eurípedes Barsanulfo, nosso dirigente espiritual, que ocorreu à época de Cristo.

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O desencarne de Allan Kardec

Desencarne de Allan Kardec

31 de Março de 1869

 

"Conta-se, nas tradições, que ele era muito querido nas rodas literárias e doutrinárias... Deixou muitos livros, abraçou a formação da Doutrina Espírita durante 12 anos de trabalho quase sem cessar... Para deixar a maravilha que ele deixou, a "Revista Espírita", a correspondência numerosa, os contatos, os diálogos, as viagens, esse homem teve uma vida de muito trabalho! Em 1869, no princípio do ano, ele, com os espíritas, imaginaram fazer a primeira livraria espírita do mundo, que seria a livraria de Paris — hoje, pelas circunstâncias da vida francesa, ela não existe mais... — A livraria se propunha a divulgar as obras espíritas. Janeiro, fevereiro, março..., aquela turma, sempre uma turma, que nós chamamos nas Instituições espíritas como "do fundo da cozinha", haja o que houver está firme, pode haver briga ou confusão... Ele e aquela turma já trabalhavam por três meses. Nos últimos dez dias de março, ele sentiu as chamadas dores pré-cordiais, que hoje são tratadas a tempo, mas, no ano de 1869...

 

Começou a sentir aquelas dores no peito, que precedem a determinados problemas difíceis na circulação, como sendo a fibrilação do músculo cardíaco..."

 

"A senhora dele, D. Gaby, faltando uns quatro dias para a morte do Codificador, ouviu-o dizer: — Gaby, eu me sinto indisposto, com muita dor no peito, mas a inauguração da livraria espírita está prevista para o dia 1º de abril; faltam cinco dias para arranjar tudo para uma inauguração tão distinta quanto possível... Eu não me sinto bem, mas dia 1º de abril eu tenho que inaugurar a livraria. Ela, então, disse:"

 

"— Mas se você estiver com essa dor muito aumentada, podemos deixar para outra semana, daqui a uns quinze dias — nove anos mais velha do que ele, tinha por Kardec um desvelo também maternal..."

 

"Naquela época, as viagens não eram tão fáceis. (...) Os amigos que vinham ajudar, na inauguração, já estavam viajando para Paris, ou com todos os preparativos feitos... A viagem era feita a cavalo, os cavalos em determinadas estações tinham que ser mudados...

 

E os dois começaram a dialogar: — Nós temos aí talvez mais de 50 companheiros, da França, da Bélgica. Eu não posso deixar, com dor ou sem dor, eu tenho que ir...

 

— Mas eu, como sua esposa, não acho que isto esteja certo.

— Mas eu não posso desconsiderar o dinheiro que os irmãos gastaram para vir até aqui.

— Apesar disso tudo, eu aconselharia você a adiar...

— Você me aconselha a adiar, mas, e se eu estiver muito mal, no dia 1º de abril, ou que tenha até mesmo desencarnado, já que estamos numa Doutrina de caridade, o que é que você faria por mim, se eu estiver incapacitado para ir até o local da livraria, já que a inauguração está prevista para as 10h... Não podemos fazer os outros esperarem, isto também é caridade...

— Já que a sua decisão é tão firme, no caso desse ato inauguratório, no caso de você piorar...

— E no caso de eu desencarnar?

— Mesmo assim, se você piorar ou desencarnar eu irei no seu lugar...

 

"E no dia 31 de março ele desencarnou, tudo indica, por um aneurisma; foi repentino. Os amigos começaram a visitar a casa, já bem à noitinha... Então alguém aventou a hipótese:

 

— Quer dizer, então, que devemos adiar a inauguração? D. Gaby respondeu: — Não, eu e meu marido conversamos sobre isto; ele está na urna; amanhã é o primeiro dia do velório, mas, às 10h eu irei cumprir o que a ele prometeu; em nome da Doutrina de caridade, eu vou substituílo..."

"De manhã cedo, dia 1º de abril, às 8h, D. Gaby despediu-se do corpo do esposo, e falou com ele que ia cumprir a sua tarefa... Pediu-lhes desculpas por se ausentar de casa e foi para o local... Demorou umas duas horas, deu entrevistas, fez conferências, e depois voltou para junto do corpo do marido... Os jornais da época comentaram muito a sua coragem."

 

"Como percebemos, estamos numa Doutrina, que nem a morte nos pode privar do dever a cumprir."

 

"Ela era mais velha do que ele nove anos, era também doente, muito magra, tinha enxaquecas, e foi cumprir o ato inaugural... Ela mostrou que é possível mesmo diante da morte, cumprir com o dever de caridade."

 

"Um dia como hoje, 31de março, é interessante lembrar... Então, eu me recordei deste fato que foi lido em francês para mim pelo Dr. Canuto de Abreu."

 

"D. Gaby inaugurou a livraria, sem lágrimas, sem lamentações; naturalmente que, com o coração arrasado de dor, mas presente, cumprindo o prometido."

 

Sob a emoção das recordações que a palavra do nosso Chico evocara, e no clima da prece de encerramento, fomos continuar com a tarefa iniciada no século passado por uma plêiade de Espíritos de escol, repartindo as dádivas materiais e espirituais com os nossos irmãos que aguardavam

 

na fila...

 

Extraído do livro A sombra do Abacateiro.