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As consequências do medo I

Quem não sente medo? É comum, inclusive, o medo de sentir medo... Abordaremos algumas das conseqüências positivas e negativas do medo em nossas vidas. E quem disser que nunca sentiu medo, talvez esteja com medo de dizer a verdade...

 

O medo pode e deve ser o nosso aliado, sempre. A partir da mensagem psicográfica que segue, desenvolveremos algumas reflexões sobre esse sentimento tão presente em nossas vidas e que deve ser o nosso aliado como nos ensina amigo espiritual.

 

O medo é algo que como muitas coisas têm dois lados, o positivo e o negativo, dependerá apenas de nós a maneira como ele agirá em nossa vida. Na maioria das vezes, o encaramos como algo que gera sofrimento e dor, algo que nos impede o raciocínio lógico e nos deixa a mercê de pensamentos e sentimentos baixos, nos impedindo de seguir o nosso caminho rumo à felicidade verdadeira...

 

Certas atitudes nossas comprovam que muitas vezes ficamos inseguros diante das mais diversas situações, queremos viver, mas temos medo da vida e do que se apresenta diante dela em nossas existências. Queremos morrer com a ilusão de acabarmos com os problemas e encontrarmos o paraíso, porém, quando nos deparamos com a morte temos medo, ficamos aterrorizados com nossa própria realidade.

 

Se conseguirmos enxergar outras possibilidades, veremos o medo como algo útil, o medo de errar, por exemplo, nos faz ser mais vigilantes em nossas atitudes. O medo, quando não em demasia, de “perder” (como muitos dizem) uma pessoa querida faz com que cuidemos e dediquemos todo nosso amor aquela pessoa.

 

Nesse caso então o que seria realmente o medo? Algo neutro? Se é que posso definir desta forma. Algo que todos nós em determinada altura da vida desenvolvemos, um sentimento, uma sensação?

 

Ele pode sim ter uma dessas interpretações ou até mesmo todas elas, o fato em questão é que normalmente lidamos muito mal com algo tão natural do ser humano. Estou certo de que não exista nenhuma fórmula pronta para que nos livremos ou saibamos lidar com o medo.

 

Acredito que a forma como cada um de nós encara isto depende exclusivamente de nosso estado de espírito dentro de nossas individualidades. Só é necessário que a cada momento de nossa vida possamos ir nos preparando intimamente para as mais diversas situações de nossa existência. Para que mesmo que ainda não consigamos vê-las como algo neutro, possamos então percebê-las como algo que sempre tem um lado positivo.

 

Devemos ao menos parar um pouco e refletir, será que o medo que senti em determinado momento não teve utilidade alguma, será que não me trouxe um aprendizado, um alerta para que eu reveja a forma como estou vivendo minha vida?

 

Refletir apenas parece pouco, mas não é; é sim um grande passo, um passo importante, pois é a partir do ato de pensar que descobrimos a verdadeira essência das coisas,a maneira providencial de como tudo se encaixa perfeitamente no universo sem falhas. Para que um dia não fiquemos aterrorizados ao ouvir essa palavra “medo”, que acaba sendo uma reação de cada indivíduo para os acontecimentos da existência, que têm efeito benéfico ou não de acordo com nossa interpretação.

 

Rogo a Deus que um dia todos nós espíritos ainda tão imperfeitos diante da grandeza do Pai, possamos seguir fielmente o modelo do Cristo, a sua percepção da vida, para que todos os sentimentos que ainda nos perturbam possam ser vistos como é tudo aquilo que Deus nos oferece, bênçãos.

 

Que ao nos lembrarmos de algo que nos cause medo ou pavor, pensemos que o Mestre nunca nos falta, e se procurarmos em nosso ser, iremos encontrar o porquê e o significado das coisas para nós, e se não encontrarmos, é porque a misericórdia divina não o permite para o nosso próprio bem e crescimento.

 

Então carinhosamente o Cristo nos ajudará a transformar esse sentimento em amor e luz, que penetra em nossos corações nos enchendo com sua paz tão infinita.

 

Obrigado, muito obrigado meus amigos pela oportunidade,

 

De um amigo do grupo Marcos

 

Psicografia: jovem participante do grupo Marcos.

 

O conceito de medo exposto pode ser entendido como semelhante ao de Rousseau e da Codificação.  Afirma o filósofo iluminista que “Tudo é certo saindo do Autor de todas as coisas.” O Livro dos Espíritos, na parte terceira, fala-nos do instinto de conservação que induz a todos os seres vivos a se preservarem do perigo. Portanto, a origem do sentimento está na constituição do ser, é criação de Deus.

 

Por que essa compreensão é importante? Porque o medo, estando inserido na criação divina, não deve ser combatido como um inimigo, e sim, utilizado como amigo, pois Deus não nos daria nada que não fosse importante para a nossa felicidade. Como afirma a mensagem, o problema surge porque “lidamos muito mal com algo tão natural”, saber lidar com as dádivas de Deus é o aprendizado que temos que desenvolver em nossa atual fase evolutiva. Quando não sabemos lidar com o fogo, podemos gerar muitos acidentes, assim acontece com o medo, observemos algumas destas conseqüências. Tanto o autoritarismo e o desleixo; bajulação e irresponsabilidade: relação de submissão e mando são frutos do sentimento de medo mal conduzido.

 

Erich From, em O Medo à liberdadeao estudar a origem psicológica do nazismo, demonstra que a aceitação de um líder “forte” e inquestionável baseava-se no medo desenvolvido na população, no sentimento de insegurança pessoal.

 

André Luiz, em Os Mensageiros, apresenta um instrutivo exemplo de falência mediúnica por causa do medo mal conduzido.  O medo saudável nos ensina analisar as mensagens mediúnicas com critério e equilíbrio, a buscar a opinião de pessoas lúcidas, o medo mal conduzido nos torna autoritários e refratários ao trabalhos com os bons espíritos.

 

Em nosso dia a dia, ante uma situação que nos amedronta, tendemos a buscar alguém “forte” e “valente” para nos proteger e com isso, muitas vezes, alimentamos uma relação de submissão e mando. Isso acontece em nosso mundo material, bem como no mundo espiritual. Esse padrão de relação difere totalmente da relação do Cristo com os apóstolos, de Gandhi com seus discípulos e de Eurípedes com seus alunos por exemplo.

 

O sentimento do medo bem conduzido traz resultados excelentes, como explica o amigo espiritual. O cuidado e o respeito pelo outro para que possamos conviver mais e melhor com quem amamos; a atenção com a saúde para evitarmos os sofrimentos da doença; a superação de vícios para não destruirmos o que temos de melhor; a preocupação com o cumprimento da programação reencarnatória para não voltarmos como fracassados a vida verdadeira; o cultivo do respeito (respeito verdadeiro como ensinou Kardec) na relação com os amigos espirituais para que eles não nos abandonem.

 

Após entender o quando o medo pode nos trazer de benefícios ou de infelicidades, naturalmente perguntamos: como melhor lidar com o medo? Não há fórmula mágica, alerta o amigo espiritual, mas existem métodos que devemos utilizar para a melhor lidar com o medo. Refletir qual a utilidade do sentimento de medo em cada situação específica. E para os que pensam que refletir é algo de pouco valor, destaco esse trecho “Refletir apenas parece pouco, mas não é; é sim um grande passo, um passo importante, pois é a partir do ato de pensar que descobrimos a verdadeira essência das coisas”.Aliada a essa reflexão, sugere o amigo que desenvolvamos o sentimento de segurança íntima vinculamo-nos ao Cristo, por meio da oração e da compreensão que Ele nunca nos abandonará. Parece-nos um sábio caminho a seguir. O trecho final da mensagem explica que “o Cristo carinhosamentenos ajudará” observamos a maturidade dessa reflexão, pois o Cristo estrutura sua relação com todos nós com carinho e compreensão e não com o terror que gera o medo destrutivo. Assim também faz o amigo espiritual, ele não estimula o medo que desequilibra, mas ajuda-nos a superá-lo.

 

IX - Ouvindo impressões

 

Ao nosso lado, outro grupo de senhoras conversava animadamente:

 

— Afinal, Ernestina — indagava uma delas mais jovem — qual foi a causa do seu desastre?

 

Apenas o medo, minha amiga — explicou-se a interpelada —, tive medo de tudo e de todos. Foi o meu grande mal.

 

Mas, como tudo isto impressiona! Você foi muitíssimo preparada.

 

Recordo-me ainda das nossas lições em conjunto. As instrutoras do Esclarecimento confiavam extraordinariamente no seu concurso. Seu aproveitamento era um padrão para nós outras.

 

— Sim, minha querida Lesta, suas reminiscências fazem-me sentir, com mais clareza, a extensão da minha bancarrota pessoal. Entretanto, não devo fugir à realidade. Fui a culpada de tudo. Preparei-me o bastante para resgatar antigos débitos e efetuar edificações novas; contudo, não vigiei como se impunha. O chamamento ao serviço ressoou no tempo próprio, orientando-me o raciocínio a melhores esclarecimentos; nossos instrutores me proporcionavam os mais santos incentivos, mas desconfiei dos homens, dos desencarnados e até de mim mesma. Nos estudiosos do plano físico, enxergava pessoas de má fé; nos irmãos invisíveis presumia encontrar apenas galhofeiros fantasiados de orientadores, e, em mim mesma, receava as tendências nocivas. Muitos amigos tinham-me em conta de virtuosa, pelo rigorismo das minhas exigências; todavia, no fundo, eu não passava de enferma voluntária, carregada de aflições inúteis.

 

— Foi uma grande infantilidade da sua parte — retrucou a outra —, você olvidou que, na esfera carnal, o maior interesse da alma é a realização de algo útil para o bem de todos, com vistas ao Infinito e à Eternidade. Nesse mister, é indispensável contar com o assédio de todos os elementos contrários.

 

Ironias da ignorância, ataques da insensatez, sugestões inferiores da nossa própria animalidade surgirão, com certeza, no caminho de todo trabalhador fiel.

 

São circunstâncias lógicas e fatais do serviço, porque não vamos ao mundo psíquico para descanso injustificável, mas para lutar pela nossa melhoria, a despeito de todo impedimento fortuito.

 

— Compreendo, agora — disse a outra —; todavia, o receio das mistificações prejudicou minha bela oportunidade.

 

— Minha amiga — tornou a interlocutora — é tarde para lamentar.

 

Tanto tememos as mistificações, que acabamos por mistificar os serviços do Cristo.

 

Extraído do livro Os Mensageiros. Psicografia Francisco Cândido Xavier, espírito André  Luiz. Edição FEB